Brincadeiras, regras ou etiqueta? O que fazer ou não fazer na hora do sexo
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Brincadeiras, regras ou etiqueta? O que fazer ou não fazer na hora do sexo

03 de novembro

Existe etiqueta no sexo? Você tem uma lista de “coisas para jamais fazer no sexo?”, “coisas inaceitáveis na hora H”, “a to do list sexual”? Não há dúvidas que listas tentando responder ou encontrar respostas ideais para essas perguntas devem existir por aí

Na nossa sociedade, observo que uma das heranças das gerações anteriores é a preocupação com a opinião do outro, com a aparência – que vai além da estética. Há uma preocupação sobre o que o outro vai pensar acerca do nosso comportamento enquanto indivíduo e o quão isso pode afetar o status e a condição da família naquele coletivo, aquele clássico “o que os outros vão pensar?”.

Eu cresci ouvindo coisas como “quando for na casa de alguém não aceita nada”, “não fale de boca cheia”, “tal comida se come com tal talher”, “existe uma forma correta de comer pasta”, “existe uma forma correta de se sentar”, “existe uma roupa adequada para determinado evento”. Esse é um retrato da nossa sociedade, há formas corretas ou bem vistas de fazer coisas e na contramão há formas incorretas ou mal vistas.

Me pergunto: e quanto ao sexo? Existe etiqueta no sexo? 

Acredito que sim, se espera que o homem e a mulher se comportem de determinada maneira. A minha perspectiva sobre etiqueta no sexo é a mesma que tinha quando criança sobre etiqueta em geral: a melhor regra é não ter regra, o melhor plano é não ter plano! 

Mas, se eu fosse definir a etiqueta no sexo colocaria duas regras:

1. Se divertir, brincar
2. Se sentir curiose

Acredito que a geração anos 90, pós queda do muro de Berlim, pós-guerra fria, computadores, internet, tamagochis traz em si esse desejo de não se preocupar com o que os outros pensam, ainda que nos preocupemos sim. Nós nos aventuramos, exploramos outras opções de carreira profissional, viajamos, voluntariamos, somos nômades, nômades digitais, vamos de bike para o trabalho, vamos a pé, sonhamos, brincamos com as nossas roupas, com o nosso cabelo, raspamos a cabeça, exploramos novas possibilidades, ampliamos pronomes, somos queer, exploramos cores e texturas. E é natural que todas essas mudanças, essa coragem e desejo de ser quem somos afete a nossa sexualidade.

E essa tônica, esse traço de querer ser quem somos sem nos preocuparmos tanto ou nada com o que os outros pensam pode ser percebida em quem somos e como nos expressamos enquanto seres sexuais.

Começa com um movimento a priori libertador de defendermos o nosso direito de transar com quem quisermos, quantas vezes quisermos. Amadurece e se transforma na beleza verdadeiramente libertadora de podermos ou de aprendermos a dizer não, recusar parceires, sexo, ou algo na relação sexual que não gostemos ou que nos deixe desconfortáveis. Passa por vibradores, roupas de couro e látex, acessórios, shibari, aplicativos, óleos.

E amadurece para o que eu entendo ser a verdadeira Etiqueta MÁXIMA do Sexo: SE DIVERTIR. As melhores relações sexuais que experienciei têm algo em comum: DIVERSÃO.

Quando penso nelas, todas têm essa característica. Me lembro que eu e um parceiro sexual-amoroso baixamos um aplicativo uma vez que se chamava “Can U”, era um aplicativo que você e seu/sua parceire baixavam e se conectavam pelo app e um podia escolher algo para que o outro fizesse nele/nela, lembro que podíamos escolher o “nível” do desafio, leve, romântico, picante, pervertido e, o/a parceire recebia um desafio que tinha que cumprir em um determinado período.

Podia ser dar um beijo sensual num local público, fazer sexo num local público, se fantasiar de alguma coisa, fazer uma massagem com óleo etc. Mas era sempre uma surpresa, o/a parceire que escolhia o nível do desafio não sabia o que era, apenas quem iria cumpri-lo. Me lembro que foi um período super divertido na nossa relação, tinha muito prazer e muita brincadeira. E a surpresa trazia um quê de adrenalina e curiosidade, um suspense!

Sexo assim como a vida é para brincar, para se sujar. Leve a diversão para as suas relações, independente da natureza delas e, se posso dar um conselho ainda melhor, leve diversão para a sua vida de modo geral. O que você pode fazer para tornar o seu dia a dia mais divertido?

Quando nos conectamos com o nosso ser brincante, a nossa criança que existe por trás do adulto soterrado de trabalho, podemos expressar a nossa sexualidade de um lugar de verdade, honestidade e leveza, um lugar de brincadeira. A criança é pura, não tem nojo e tem curiosidade.

Esses são os elementos que os adultos deveriam utilizar para uma exploração sexual prazerosa e genuína.