Conheça os efeitos de cura da natureza e como colocá-la no seu dia a dia
Preservar
Bem Estar, Natureza, Preservar, Regeneração
Nome da Categoria

Conheça os efeitos de cura da natureza e como colocá-la no seu dia a dia

03 de junho
Criado por: Equipe Kura

Você já teve aquela sensação de rejuvenescimento quando está perto da natureza? Já se sentiu recarregado após algumas horas em contato com florestas ou rios e lagos? Já “precisou” fazer uma pausa longe do caos da cidade pra se organizar mentalmente? Independente se você é um urbanóide inveterado ou uma abraçadora de árvores, a questão não se trata mais de achismos: está comprovado que a natureza cura e, em alguns casos, já é receitada com tempo certo de “exposição semanal” por médicos no acompanhamento de tratamentos – já podemos comemorar, até que enfim esse dia chegou!

Nomes geniais como Charles Darwin, Henry David Thoreau, Virginia Woolf e Albert Einstein escreveram eloquentemente sobre os benefícios de vivenciar o mundo natural. Frederick Law Olmsted, o arquiteto do século 19 de muitos grandes parques americanos, capturou bem a experiência: “A natureza tranquiliza a mente sem cansá-la e ainda a anima. E assim, através das influências da mente sobre o corpo, dá o efeito de descanso refrescante e revigoramento a todo o sistema físico.”

Demorou quase 150 anos, mas a ciência verificou essa afirmação quase palavra por palavra, inclusive por pesquisadores associados ao Centro de Pesquisas da Universidade de Berkeley.

Seja qual for a idade, estar na natureza acalma a mente: pessoas que dão um simples passeio em espaços verdes em vez de em uma rua movimentada têm menos pensamentos repetitivos, que geram ansiedade e desconforto.

A natureza é, com o perdão da redundância, naturalmente, uma experiência de todos os sentidos.  Não se trata apenas de olhar para as árvores – você também pode cheirá-las, ouvir o vento em seus galhos e tocar sua casca. E as vezes até sentir o gosto delas.

A teoria da biofilia sugeriu que, como evoluímos na natureza, nossos sentidos e ritmos corporais são mais adequados para esse ambiente.  De acordo com o biólogo E. O. Wilson, existe uma “afiliação emocional inata com outros organismos vivos” que nos deixa calmos e confortáveis ​​na natureza. Os sons, cheiros, visões são nosso “lugar feliz” evolutivo onde podemos descansar e rejuvenescer. Estamos profundamente ligados a um mundo de onde nos afastamos. Apesar do conforto e segurança do mundo moderno, há um preço a pagar pela vida urbana.

Outros cientistas defendem algo chamado teoria da restauração da atenção. Rachel Kaplan, da Universidade de Michigan, diz que “fascinação suave” com a beleza e o mistério do mundo natural nos atrai. A natureza, diz ela, é “sedutora, mas não exigente”.  A pesquisa em neurociência de seu aluno Stephen Kaplan mostra que olhar para imagens da natureza permite que as partes da função executiva do cérebro se recuperem, em comparação com a observação de paisagens urbanas.

Cientistas da emoção, como o próprio Dacher Keltner, do Centro de Pesquisas da Universidade de Berkeley, acreditam que há algo mais acontecendo também: admiração.

Essa é a sensação que temos ao encontrar algo vasto e maravilhoso, que desafia nossa compreensão. Em um estado de admiração, nosso queixo cai e ficamos arrepiados. Mas, mais do que isso, temos os mesmos efeitos fisiológicos que vemos nos “banhos na floresta”, esses momentos prescritos por médicos de imersão na natureza. Neles, a frequência cardíaca e a pressão sanguínea caem. Além dos efeitos fisiológicos, há efeitos pró-sociais a serem admirados: menos preocupação consigo mesmo, maior generosidade e mais cooperação.  Pode ser por isso que a pesquisa sugere que há menos violência quando as árvores são incorporadas em conjuntos habitacionais de baixa renda.

Uma nova pesquisa de uma equipe interdisciplinar de Cornell publicada na Frontiers in Psychology, faz parte de um exame mais amplo da “terapia da natureza” e visa fornecer uma dosagem facilmente alcançável que os médicos possam prescrever como medida preventiva contra altos níveis de estresse, ansiedade, depressão e  outros problemas de saúde mental que os estudantes universitários enfrentam. 

Quais são os benefícios? Segundo a pesquisa: pressão arterial, frequência cardíaca e estresse mais baixos; redução de doenças e infecções pulmonares; melhor humor e função imunológica; melhor sono; e aumento da criatividade.  Há benefícios sociais surpreendentes também: depois dos primeiros experimentos de “banho na floresta”, os médicos descobriram que depois de algumas horas na floresta, a pressão arterial caiu em média cinco pontos. Os efeitos não terminaram quando as pessoas deixaram o ambiente da floresta;  os hormônios do estresse foram mensuravelmente mais baixos por uma semana. Após três dias com duas horas de floresta, os marcadores de saúde imunológica mostraram melhora que durou pelo menos uma semana.

E ainda: idosos que vivem perto de espaços verdes vivem mais. E crianças que brincam em espaços verdes se concentram melhor, dominam as habilidades motoras mais rapidamente e se movem mais. Há também um grande corpo de pesquisa complementar sobre os benefícios sociais e de saúde positivos da jardinagem, ou os benefícios do toque – mãos ou pés na terra – outros causadores de sensações de bem estar com efeitos similares.

Como colocar mais natureza no seu dia a dia: 

  1. Pratique esportes ao ar livre, e conecte duas práticas saudáveis em uma – e, se possível, leve um amigo junto;
  2. Busque espaços de cultivo de hortas urbanas e cultivos de jardins públicos e inicie um novo hábito;
  3. Plante ervas e comece sua horta em casa, qualquer movimento na terra é benéfico;
  4. Busque o sol, abra as janelas, saia para a rua – sempre que possível deixe-o beijar sua pele;
  5. Encontre a natureza no seu dia a dia, observe-a no trajeto pro trabalho ou traga-a para dentro de casa;
  6. Se for possível, se relacione com e sinta a energia dos animais – pode ser o pet que você sempre sonhou ou só passear o cachorro do vizinho de vez em quando;
  7. Conheça e construa uma relação com a área rural da sua cidade, conheça trilhas e passeios e experimente levar outras pessoas para esses momentos!

Fontes:
Genevive R. Meredith, Donald A. Rakow, Erin R. B. Eldermire, Cecelia G. Madsen, Steven P. Shelley, Naomi A. Sachs. Minimum Time Dose in Nature to Positively Impact the Mental Health of College-Aged Students, and How to Measure It: A Scoping Review. Frontiers in Psychology, 2020; 10 DOI: 10.3389/fpsyg.2019.02942
Business Inside, "11 scientifically proven reasons you should go outside"
https://www.parkprescriptions.ca
https://greatergood.berkeley.edu/article/item/how_nature_helps_us_heal