Precisamos falar sobre o EGO
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Precisamos falar sobre o EGO

23 de janeiro

Muito se ouve sobre o ego, tanto na psicologia, quanto na espiritualidade. Existe também a forma como falamos e culpamos o ego no nosso dia-a-dia – piadinhas e psicologia livre, como brinco com minhas amigas. O fato é que podemos cair numa grande armadilha de pensar que o ego é uma coisa horrível da qual temos que nos livrar o quanto antes – e isso, além de ser impossível, pode ser perigoso.

Ahamkara é a palavra em sânscrito muitas vezes traduzida como ego em várias linhas e teorias espirituais. Nesse contexto, essa manifestação do senso de si, da consciência do eu é a origem da nossa sensação da separatividade com o todo e com os outros. E, por isso, é uma manifestação limitada da nossa verdadeira essência. Então comumente vemos as pessoas falando do ego como um grande inimigo que precisaria ser eliminado, para então podermos ver através das inúmeras camadas do véu da ilusão.

Em resumo, simplificando muito mesmo, o ego é uma parte da mente (lembrem-se mente é diferente de cérebro) onde ficam registrados e armazenados nossos condicionamentos e formas de ver e entender o mundo. É muito fácil deixar essa parte da mente nos conduzir, como um piloto-automático, impondo a sua forma de levar a vida como a mais correta e funcional. Podemos dizer também que são aqueles pensamentos, diálogos internos que surgem do nada: “não vai dar certo”, “você não é boa suficiente”, “e se der algo errado?”, “falta alguma coisa que nem sei o que é pra poder dar esse passo”, “que pessoa horrível”, “eu sou muito melhor” e assim por diante.

Entretanto, esse senso de eu, o ego, tem um objetivo fundamental pro nosso desenvolvimento psicológico que é nos manter protegidas, ele tenta nos manter onde julga estarmos em segurança, geralmente sempre nos mesmos padrões que deram certo em algum momento, ou criados e fixados por causa de grandes dores ou abandonos sofridos. Aí começam os problemas, pois podem ser lugares onde não somos nem felizes, nem realizadas, ou capazes de nos desenvolver, nos conectar e nos curar.

Precisamos despertar, sim, para o ego. Nos descolar dele. Mas não eliminá-lo. Precisamos estar atentas às infinitas discussões que acontecem na nossa mente, as comparações, as projeções, os julgamentos, as historinhas e os preconceitos. Quando estamos totalmente absortas a essas impressões, a essa confusão mental que o ego cria, fica difícil tomar decisões conscientes que nos levem ao nosso verdadeiro EU, livre de limitações. Pois não somos o ego!

A consciência do que somos nos permite testemunhar, apreciar, reconhecer as histórias que o ego conta, até agradecê-lo pelo excelente trabalho de proteção, mas, apesar disso, fazer mudanças, fazer escolhas diferentes, trocar a rota, se arriscar. Apesar do ego, poder expressar nossa verdadeira essência ilimitada para construção de um bem comum.

E, de novo, não é rápido, não é de um dia para o outro, não é fácil, é trabalho árduo de autoconhecimento.